
"Das distâncias.
Eu escrevo teu nome nessas
pedras, que vou jogando por onde passo. No fundo, espero que você me
siga, mas não tenho coragem de pedir. Aí, tem gente que vem, sem nem ser
chamado, sem nem se importar com o fato do nome escrito ali, ser outro.
As pessoas não ligam prá essas pequenezas, sabe? Eu ligo. Ligo pra tudo.
Sou mais de detalhes, que do todo. Sempre fui. O fato é que
fico olhando pra trás pra ver se você tá vindo e já tropecei umas
quantas vezes. Esses dias mais. Isso porque não sinto teu cheiro no ar,
não ouço o teu riso passeando pelas horas. E sinto falta. E sinto um
quase-medo. Embora, não tenha a menor idéia de quê. Sabe quando você
pressente o monstro no escuro, mesmo sem poder vê-lo? É assim. Não sei
se você entende, não sei se alguém entende e, realmente, não me importo.
Não me importo mais com um monte de coisas. Dos benefícios do tempo.
Hoje, parei e sentei bem aqui na beira desse rio que me atravessa. Só
pra te pensar bem forte e te fazer sentir amor do lado de lá. Sim,
porque você ainda não atravessou a ponte, bem sei. Mas, ando me sentindo
fraca e cansada. Tenho andado demais, jogado pedras demais, esperado
demais e você não me alcança. Talvez, seja melhor mergulhar e afogar os
pensamentos. Espero que você consiga chegar a tempo e salvar os mais
bonitos."
(Briza Mulatinho)
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