segunda-feira, 24 de setembro de 2018




O amor
bateu na porta e entrou
olhando de soslaio
querendo um troco qualquer
um cigarro, um peito morno à meia luz
num horizonte vasto ao entardecer.
o amor
deitou na cama e sussurrou
as mais doces e belas sandices
na pele escreveu com seus beijos
sem saber que o eterno acaba
querendo morrer junto com a noite e as estrelas.
o amor
apagou a luz deixando os olhos entreabertos
e as mãos se despedindo e sussurrando
num gozo indecente e maduro
sobre a língua sorridente e faminta
na infinitude da pele quente
o amor
dormiu voando alto e sorrindo
misturou-se à escuridão do quarto
plainando no fim pela janela
virou a fumaça de cigarro
virou estrelas na imensidão.

Elisa Bartlett.

em “Entreolhos Quadrúpede"