sábado, 22 de julho de 2023
Queria te falar
do meu silêncio,
mas o necessário,
às vezes, é indizível…
Na noite passada,
eu engoli a lua
só para preencher o vazio
de tua ausência…
Sinto que, de novo,
me engravidei de sonhos
e hoje cedinho pari um sol
que tinha a cor dos teus olhos,
a quentura infinita de tuas mãos.
Mas continuo sem saber de ti.
O amanhecer tem disto:
é onde desemboca todos os silêncios
perdidos, todos os equívocos…
É quando renasce o meu amor.
sábado, 15 de julho de 2023
Era julho de um quase inverno, quando os pássaros que trazia no peito voaram em silêncio para outros infinitos que não aqueles, que cabiam em seus olhos. E ela sabia que a percepção de uma ave é coisa rara, por isso, cedeu ao bater das asas e àquele silêncio que já não pesava tanto. Era como abraçar a paz, depois de lutar e perder todas as guerras.
Sentou-se ao pé de si mesma e cantou uma canção sem nome, enquanto suas mãos aqueciam uma a outra. Pensou nas perguntas que não tinha feito e se perdeu nas respostas possíveis... Que sentido haveria de ter a vida, depois de amar tanto? Não sabia.
Tudo parecia perder, por completo, o significado. A geografia dos passos, a inquietude das cores, a força do vento, a melancolia da paisagem, o sofrimento alheio, os naufrágios, os átomos, a palavra e o tempo. Quase volátil esse desejo de querer pertencer ao que não existe mais.
[Tríccia Araújo]
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