domingo, 21 de maio de 2017



Toda a poesia é luminosa,
até a mais obscura.
O leitor é que tem às vezes,
em lugar de sol,
nevoeiro dentro de si.
E o nevoeiro nunca deixa ver claro.
Se regressar outra vez e outra vez
e outra vez a essas sílabas acesas
ficará cego de tanta claridade.
Abençoado seja se lá chegar.


(Eugênio de Andrade)


Carregamos pela vida afora
os cheiros dos encontros raros,
dos acontecimentos,
da nossa primeira casa,
do quintal, se houve quintal,
da mãe na cozinha,
dos sonhos quando acordamos.
Se houvesse uma caixa
para guardá-los, seriam
nosso tesouro.
E, então, em dias de saudade
abriríamos nossa caixa
e mergulharíamos
como num túnel do tempo.

(Roseana Murray)

 


Sabe quando já virou um nó cego, daqueles bem difícil de tirar? A vida é assim, aperta daqui e afrouxa de lá. É preciso um meio termo entre apertar e soltar. Se algo é seu, não deixe à desdém, mas também, tenha cuidado, pois um nó cego, é capaz de te impedir de dar um laço. E lembre-se, o que une um ao outro é o laço que tem entre si.

  (Lidiane Guimarães)