terça-feira, 28 de novembro de 2023
Eu vim aqui me buscar. E aqui parecia ser longe, muito longe do lugar onde eu estava, o medo costuma ver as distâncias com lente de aumento. Vim aqui me buscar porque a insatisfação me perguntava incontáveis vezes o que eu iria fazer para transformá-la e chegou um momento em que eu não consegui mais lhe dizer simplesmente que eu não sabia. Vim aqui me buscar porque cansei de fazer de conta que eu não tinha nenhuma responsabilidade com relação ao padrão repetitivo da maioria das circunstâncias difíceis que eu vivenciava. Vim aqui me buscar porque a vida se tornou tediosa demais. Opaca demais. Cansativa demais. Encolhida.
Vim aqui me buscar porque, para onde quer que eu olhasse, eu não me encontrava. Porque sentia uma saudade tão grande que chegava a doer e, embora persistisse em acreditar que ela reclamava de outras ausências, a verdade é que o tempo inteirinho ela falava da minha falta de mim. Vim aqui me buscar porque percebi que estava muito distante e que a prioridade era eu me trazer de volta. Isso, se quisesse experimentar contentamento. Se quisesse criar espaço, depois de tanto aperto. Se quisesse sentir o conforto bom da leveza, depois de tanto peso suportado. Se quisesse crescer no amor.
Vim aqui me buscar, com medo e coragem. Com toda a entrega que me era possível. Com a humildade de quem descobre se conhecer menos do que supunha e com o claro propósito de se conhecer mais. Vim aqui me buscar para varrer entulhos. Passar a limpo alguns rascunhos. Resgatar o viço do olhar. Trocar de bem com a vida. Rir com Deus, outra vez. Vim aqui me buscar para não me contentar com a mesmice. Para dizer minhas flores. Para não me surpreender ao me flagrar feliz. Para ser parecida comigo. Para me sentir em casa, de novo.
Vim aqui me buscar. Aqui, no meu coração.
(Ana Jácomo)
segunda-feira, 27 de novembro de 2023
Um tempo
Eu, inventor de mim
Escultor quimeras
Escritor de silêncios
Semeei borboletas
E outros alados
Nos canteiros
Sombrios do interior,
Entre os galhos
Secos no outono.
Pousei entre
Folhas mortas úmidas
Aquecidas ao calor
Das manhãs.
Cismei ninhos onde
Não era morada
Da primavera.
Encubei voos
Por verões afins,
Na solidão
Desses meus jardins
Desertificados.
Ansiando um depois
Dessa hibernação
Quase morte.
Quando inverno findou
E o vento do tempo
Soprou abandono
Cumpriu-se plano.
Outra vez o casulo vazio,
Quebrou-se o silêncio
Com o primeiro
Bater de asas
Para uma nova era.
Enfim...
Primavera.
(José Regi)
terça-feira, 21 de novembro de 2023
quinta-feira, 16 de novembro de 2023
Estou mais ausente. Não existe culpado, talvez eu só esteja cansado, farto de algumas mentiras ou mesmo de indiferença por parte de quem me é importante. Não estou triste, estou em silêncio. Realizando reformas em meu ser, invertendo o que antes estava no topo e colocando na parte inferior o que não me cabe mais. Meu guarda roupa de cores está precisando de mais espaço, vou aproveitar para organizar a minha mente também. Quem sabe assim eu encontre mais fácil o sorriso da minha alma... Excesso por excesso prefiro sintonia - sempre foi assim e será.
Aqui quem dita as regras é a liberdade que me faz melhor dia após dia.
( Vitor Ávila )
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