segunda-feira, 27 de novembro de 2023

Um tempo


Eu, inventor de mim
Escultor quimeras
Escritor de silêncios
Semeei borboletas
E outros alados
Nos canteiros 
Sombrios do interior, 
Entre os galhos 
Secos no outono.

Pousei entre 
Folhas mortas úmidas
Aquecidas ao calor 
Das manhãs.
Cismei ninhos onde 
Não era morada
Da primavera.

Encubei voos
Por verões afins,
Na solidão 
Desses meus jardins
Desertificados.
Ansiando um depois
Dessa hibernação
Quase morte.

Quando inverno findou
E o vento do tempo 
Soprou abandono
Cumpriu-se plano.
Outra vez o casulo vazio,
Quebrou-se o silêncio
Com o primeiro
Bater de asas
Para uma nova era.
Enfim...
Primavera. 

(José Regi)

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