domingo, 17 de março de 2019



No amor cabe muitas coisas, é fato. cabe o frio na barriga, cabe a espera ansiosa ao lado do telefone, cabe os planos do final da semana e da próxima viagem, cabe a família de ambos, cabe o respeito e admiração mútua, cabe as madrugadas aquecendo o corpo com o outro, cabe às mãos dadas confidenciando os segredos, cabe cuidar e doar para que o outro esteja sempre bem, cabe ter intimidade, cabe dividir a cama e os medos, cabe desfazer as máscaras e mostrar quem somos nas segundas mais tumultuadas, cabe deixar o colo sempre disponível para dar carinho da testa até os cabelos, cabe os dias cinzas, cabe o desencontro e as expectativas que se frustram, cabe se irritar com a demora pra sair e a toalha molhada na cama, cabe nossos amigos de antes e os amigos que fazemos juntos, cabe os dias de ficar sozinho e respeitar a individualidade, cabe apoiar os sonhos loucos e ser parceiro para se recuperar dos erros grandes, cabe se readequar e se reconstruir, cabe ser generoso com o toque e chamar o outro para o dia beijando as costas, cabe mudar a rota e redefinir os mapas para que ambos estejam no mesmo lugar de algum futuro, cabe brigar porque come errado ou fuma demais ou dorme pouco, cabe respeitar o passado e não julgar antigas escolhas, cabe às diferenças de idade e de humor e de cidades e de cultura, cabe preguiça nos domingos, cabe comprar livros e dizer “esse você vai gostar”. é bonito isso no amor: a capacidade de ser espaço para tudo, de ser um lugar de reinvenção e aceitação, de ser uma casa que abriga, de ser uma mãe que acolhe, de ser um amigo que ampara, de ser uma música que a gente aprende a dançar, de ser um destino que a gente não chega porque já está. Eu estou.



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