Se engana quem pensa que intimidade é tirar a roupa pro outro, intimidade é muito mais.
Ser íntimo de alguém exige muita coragem pra derrubar todos os degraus que existem até chegar, finalmente, lá.
Ter intimidade é não ter medo de tomar banho de chuva seja que horas for, é
não se importar com a personalidade maluca que seu cabelo vai assumir,
ou no quanto aquele sutiã por baixo da blusa branca é brega e se o outro
vai reparar.
Ter intimidade é despir a alma, abrir cada botão da razão, despi-la sutilmente e deixá-la confessar: confessar
que tem medo do escuro, de quem é de verdade, do quanto é desapegada,
racional e irritante. Confessar que antes de dormir pensa em você, coisa
rápida mas viciante e que vai ser breve enquanto
confessa isso tudo (e já ser mentira, mentirinhas de mulher. Aquelas
docemente perdoáveis que não passam nem perto do pecado).
Confessar
que é fria e desapegada e quer ficar ali, juntinho, mas tem medo de
enjoar. Encher o outro de medo e depois fazer sumir isso tudo num
abraço.
Ter
intimidade é não ter limite de nada, é abrir mão de todas as reservas
sobre você e acreditar que o outro será fiel, sempre seu, sempre do seu
lado. Não há mais tempo pra se arrepender do que foi
confiado, não há espaço pra implorar ao outro pra esquecer as coisas
bregas, as gargalhadas altas e os gritinhos no início do ataque de
cócegas, o choro copioso de qualquer bobagem que a TPM fez ficar imensa e no dia seguinte te trouxe aquela ressaca moral e a vergonha imensa.
Ser
íntimo é escolher quebrar as barreiras que guardam aquilo de mais
precioso que há em nós: a essência de nós mesmos que está no (fundo do)
coração.
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