Às vezes, deixar de existir é apenas outra forma de estar.
É como a chuva. Ao parar de chover,
a chuva deixa de existir como chuva,
mas a sua água infiltrou-se nos campos e regou as flores
e juntou-se ao leito dos rios como memória da chuva
que um dia será novamente.
Nem sempre o que deixa de existir deixa de estar.
O corpo das coisas que habitam o mundo pode morrer e pode desaparecer da nossa vista, mas nunca morrerá aquilo que nos habita e o coração não precisa de ver para crer.
Deixar de existir não é deixar de estar presente.
Há coisas e pessoas que foram e que nunca deixarão de ser. Mesmo que os seus passos deixem de se ouvir e que o seu olhar deixe de cair sobre o nosso como a chuva quando chega o tempo de parar de cair, já o som desses passos e a luz desse olhar se infiltraram em nós e somos nós esse leito de que o nosso amor é feito.
Não faz mal que a chuva deixe de ser chuva quando permanece naquilo que regou.
(Elidabete Bárbara) Lado a lado