sábado, 26 de abril de 2025

Nem sempre o que deixa de existir deixa de estar. 
Às vezes, deixar de existir é apenas outra forma de estar. 
É como a chuva. Ao parar de chover, 
a chuva deixa de existir como chuva, 
mas a sua água infiltrou-se nos campos e regou as flores 
e juntou-se ao leito dos rios como memória da chuva 
que um dia será novamente. 
Nem sempre o que deixa de existir deixa de estar. 
O corpo das coisas que habitam o mundo pode morrer e pode desaparecer da nossa vista, mas nunca morrerá aquilo que nos habita e o coração não precisa de ver para crer. 
Deixar de existir não é deixar de estar presente. 
Há coisas e pessoas que foram e que nunca deixarão de ser. Mesmo que os seus passos deixem de se ouvir e que o seu olhar deixe de cair sobre o nosso como a chuva quando chega o tempo de parar de cair, já o som desses passos e a luz desse olhar se infiltraram em nós e somos nós esse leito de que o nosso amor é feito. 
Não faz mal que a chuva deixe de ser chuva quando permanece naquilo que regou.
 
(Elidabete Bárbara) Lado a lado

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